Há alguns dias atendi uma menina de 6 anos com excesso de peso que veio em busca do controle dos triglicerídeos, colesterol e perda de peso. Durante a primeira consulta, sempre converso muito!! Quem já passou pelo meu atendimento sabe disso, às vezes programo uma consulta para 1 hora e leva 1 hora e 30 minutos ou até mesmo 2 horas (rsrsrs). Geralmente, é uma conversa gostosa que serve para que eu conheça a pessoa e sua história de vida. Crio vínculo para que eu possa ajudar quem vem em busca de qualidade de vida e saúde.
Bem, voltando a consulta dessa menina... Durante a conversa com a mãe de “Amanda” soube que ela já havia passado por duas nutricionistas diferentes, inclusive uma delas era a mesma de sua mãe. Contou-me também que em nenhum momento havia percebido um engajamento por parte de “Amanda”, pois acreditava que as orientações realizadas nos atendimentos eram inatingíveis! Referiu que a nutricionista solicitou mudanças, que para uma criança pareciam ser impossíveis de serem realizadas. Com essa fala, questionei e quis saber mais...
A mãe me trouxe que na última consulta a nutricionista havia proibido o consumo de uva e banana, pois seriam frutas com alto teor de frutose e que não ajudariam a “Amanda” a atingir seu objetivo de redução de peso. Nesse momento, notei a expressão de desespero da mãe, pois “Amanda” amava uva e banana. Ela comentou que “Amanda” só aceitava essas frutas, porque eram suas preferidas e não sabia o que fazer.
Essa mãe estava perdida, apresentava uma dificuldade imensa de seguir as orientações e o planejamento alimentar realizado, mas queria muito ajudar a filha na perda de peso e melhora dos exames laboratoriais. Tornava-se frustrante tanto para a mãe quanto para a menina seguir com aquele acompanhamento que não fazia sentido para elas.
Percebendo tudo isso, e claro! Não concordando com essa conduta a primeira coisa que disse foi:
- Isso não existe!! Realmente, algumas frutas apresentam um maior teor de frutose, mas e daí!? São frutas que “Amanda” adora e que ela vai seguir comendo sim!
Quando falei isso percebi os olhos da mãe encherem-se de lágrimas e o sorriso sútil em seus lábios. Agora sim, estava realmente entendendo sua frustração e necessidade. Elas precisavam desse apoio para seguir com o acompanhamento, pois da maneira como estavam não chegariam a ponto algum.
"Amanda", como estava entretida com a sexta de frutas e legumes que tenho no consultório, brincando de fazer compras no supermercado não expressou sua reação, mas tenho certeza que isso foi um dos fatores que estimulou a criação de vínculo entre eu, ela e a mãe, já que com isso, perceberam que eu não iria proibir nada e sim, agregar hábitos saudáveis para melhorar sua saúde.
Vocês devem estar se perguntando o que essa história toda tem a ver com título desse texto, não é mesmo?
Quis contar essa história para vocês para que sejamos mais humanos e pensemos em como uma orientação pode acabar com os planos de uma vida mais saudável e tornar frustrante a busca por qualidade de vida. Precisamos rever nossos conceitos, não classificar os alimentos como ruins ou bons e entender o que realmente para nós faz efeito.
Hoje em dia, vivemos com muitas “modinhas”, muitos famosos ou até mesmo, nutricionistas que classificam estratégias alimentares como únicas e transformadoras, mas que realmente não levam em consideração o que cada pessoa precisa.
O acompanhamento nutricional vai muito além de se pensar em alimentos proibidos e permitidos! Ele contempla um ser único que é VOCÊ e, por isso deve ser individualizado de acordo com os seus hábitos e suas rotinas. Não adianta eu te pedir para comer inhame, se esse alimento não faz parte da sua cultura alimentar, concorda?
Precisamos voltar aos hábitos alimentares de nossos avós e bisavós. Precisamos de mais frutas, cheias de frutose (rsrsrs), como a banana e a uva, precisamos de mais gorduras de qualidade, do que alimentos light e diet, sucos detox ou cápsulas de vitaminas. Precisamos pensar mais em tranquilidade, em confraternização, em momentos de felicidade e lazer, em atividades que nos deem prazer e sejamos felizes aos realizá-las, seja comer uma laranja debaixo do pé em um dia lindo de outono ou comer um pedaço de pizza com os amigos em um dia de festa.
Viver em busca de dietas e restrições alimentares não traz saúde para ninguém! Vá em busca de qualidade alimentar e nutricional e se precisar, conte comigo para auxiliá-lo!!
Beijos da Nutri
Mônica Vohlbrecht